Prof. Hugo Fonseca

terça-feira, 29 de junho de 2010

Montes Claros: 153 anos

Em Montes Claros é comum, nos fins de junho, até a entrada de julho, quando é o aniversário de emancipação da cidade, vermos os jornais locais, escritos, falados, televisionados etc. falarem dos "tropeiros" que aqui fundaram a Fazenda Montes Claros e, posteriormente o Arraial das Formigas; ou falarem das Festas de Agosto, dos catopês, da marujada, dos caboclinhos e, claro, do Mestre Zanza; Falam, também do pequi, da carne-de-sol, de Darcy Ribeiro, de Beto Guedes, de Zé Coco do Riachão e de outras personalidades, como o seresteiro João Chaves, como Cyro dos Anjos, Hermes de Paula, e outros que, mesmo não sendo montes-clarenses de natureza, foram de residência, como Nelson Vianna.

Todo ano a mesma coisa! Todo ano a mesma coisa!

Não que eu esteja reclamando disto. Pelo contrário. Acho bacana falar dessas personalidades, desses eventos, desses pratos. Afinal de contas, são símbolos, queiram uns e não queiram outros, da cidade e da região. O que me deixa chateado é que, sempre que falam, não o fazem direito. É como se fosse um tema "dado". Como se não fosse necessário uma pesquisa mais aprofundada. Afinal de contas "todo mundo já está cansado de saber sobre a história de Montes Claros". E é aí que se enganam. Pouquíssimos sabem alguma coisa sobre a cidade. Aqueles "muitos" que se dizem saber alguma coisa, não sabem nada. Só acham. Principalmente os jornalistas.

Montes Claros: 153 anos de história... que ninguém conhece!!!

domingo, 16 de maio de 2010

Primeiros Carros de Montes Claros

A primeira vez que um carro entrou em Montes Claros, não foi um carro, e sim um caminhão, o que assustou a todos os habitantes.


Foi o Capitão José Augusto de Castro, construtor da primeira cadeia pública e fôro da cidade, prédio onde hoje funciona a Polícia Militar Florestal, na rua Camilo Prates, próximo ao 1º e 3º Cartórios de Ofício, quem introduziu o primeiro veículo motorizado da cidade. Em 2008, a frota da cidade chegou a 110.476 veículos. Como uma estimativa populacional de 363.227 habitantes, temos uma média de 1 veículo para cada 3 habitantes.

O Capital José Augusto de Castro adquiriu um caminhão para o seu serviço. Fez na cidade uma entrada dita “triunfal”, com direito a discursos e campanhas. O forte barulho do motor atraiu curiosos de todos os cantos da cidade, que se aglomeravam nas esquinas em admiração. O chofer era um homem que atendia pelo apelido de Américo. Ironicamente, passados 8 dias da entrada, na cidade, do primeiro automóvel (um caminhão), ocorreu , também, o primeiro atropelamento. Junto ao atropelamento, ocorreu, também, a primeira inadimplência na prestação de socorro com vitimas de atropelamento. O Chofer Américo, vendo ter atropelado um homem, saiu em fuga à casa de um de seus patrões, um tal Dr. Castro, dono de uma construtora. Esta casa ficava esquina da chamada Travessa Pacuhy com a Pça Dr. Chaves (Praça da Matriz), que depois foi desapropriada pela prefeitura para construção da avenida que liga a Praça da Matriz com a Praça de Esportes, onde hoje, se encontra a Sede dos Correios. A policia foi chamada para prendê-lo, mas o tal chofer fugiu pelos fundos e, nunca mais se ouviu falar do mesmo.

Outros donos de automóveis em Montes Claros foram Coronel Ribeiro, que adquiriu um automóvel e um trator. Como acabara, recentemente a Primeira Grande Guerra e os moradores não sabendo do que se tratava um trator, correu o boato de que o Coronel Ribeiro havia comprado um tanque de guerra inglês.

Chegados os automóveis à residência do Coronel, onde hoje é o Colégio Imaculada Conceição, o Coronel colocou vários de seus convidados em cima do trator e deu, com eles, uma volta pela cidade.

A partir daí começaram a surgir, na cidade, os famosos Fords de bigodes.

A primeira motocicleta da cidade foi trazida por um pastor protestante, o Pr. Jurandir Freire. Veio montando na tal motocicleta, partindo de Buenópolis, onde ficava a ponta dos trilhos, já que a motocicleta veio até esta cidade de Trem. O Pr. Jurandir gastou 7 horas de viagem, de Buenópolis a Montes Claros, um feito de velocidade, uma vez que, a cavalo, como eram feitas as viagens, normalmente, gastava-se de três a quatro dias.

Desde que foi inaugurado o quilômetro mil (1000), do Rio de Janeiro até Bocaiúva, facilmente entraram outros automóveis na cidade, que vinham de trem até aquela cidade.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Doidos de Moc: "ZÉ BOTÃO"

Poucos ou ninguém se lembrará de uma figura popular de Montes Claros do início do Séc. XX: Zé Botão.
Quem o eternizou foi Nelson Vianna (1956) em seu libro "Foiceros e Vaqueiros".
Zé Botão era um negro (embora Nelson Vianna o descrevesse como "caboclo"). Descendia dos escravos do Dr. Pedro Veloso. Não se sabe de quais males sofria, mas era tido, pela população, como "amalucado". Falava alto e tinha jeito meio esquentado, mas era querido por muitos.
Dormia nos arredores do Mercado Velho (hoje, Shopping Popular). E lá trabalhava fabricando botões, a partir de conchas bivalves, chamadas intãs. Dizem que eram botões muito bem feitos e, por isso, conseguia alguns trocados. Daí o seu apelido: Zé Botão. Fabricava botões usando apenas um canivete, que chamava de "Indústria".

Conta-se que, certa vez, Zé Botão teve uma "malquerença" com uns capoeiras no Mercado. Teria apanhado muito mas batido muito mais. Chamada a polícia, foi espancado até ficar meio-morto. Foi preso e submetido a juri, onde foi absolvido, por conta de sua incapacidade mental.
Livre, novamente, fez uma trouxa com as roupas em que estava vestido no dia de sua prisão, esta toda suja de sangue, e quase foi até Ouro Preto. Sua intenção, como assim dizia a todos que o perguntavam, era mostrar as roupas (prova da agressão que recebera) ao Juiz de Direito Dr. Antônio Augusto Velos (filho de Montes Claros) e pedir que castigasse os seus agressores. Desistiu de ir a Ouro Preto mas pôs-se, a pé, para Curvelo, onde teve notícias de que o Presidente da República, na época, Rodrigues Alves, estaria em visita política. Feita a viagem, conseguiu se colocar de frente a Rodrigues Alves, ninguém sabe como, e, frente ao homem, entregou-lhe as roupas sujas e disse, gritando:

"Dizem que você é quem manda nessa joça toda por ai fora. Pois então, ordene que prendam, em Montes Claros, e castiguem os desalmados que me bateram"

Intimou ele ao Chefe na Nação.

Dizem também que, na ocasião de seu julgamento, o Juiz o perguntou qual o seu nome e ele teria dito:

"É assim mesmo! Agora ninguém sabe o meu nome. Mas na hora que me prenderam lá no Mercado, todo mundo danou a gritar: 'prendam Zé Botão, prendam Zé Botão'...".

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mães montes-clarenses... Parabéns!!

Montes Claros.. Princesa do Norte! Mãe de muitos que brilharam: nos palcos, na política, enfim, terra destinada a ser chamada “casa”, de natalícios e de viajantes. Todos que aqui fizeram morada acharam, às sombras dos Montes, o aconchego de um lar materno. E, justamente, por ser lar, de adjetivo materno, é que devemos homenagear às mães que, em diferentes épocas e por distintas gerações, têm criado seus filhos. Nós. Muitas dessas, frequentaram os cursos normalistas, base pedagógica de muitas de nossas famílias, senão de todas.
Desde a fundação do Grupo Gonçalves Chaves, passando pela fundação do Colégio Imaculada e outros tantos centros de ensino, nossas normalistas foram se educando à educarem seus filhos. Preservando o respeito a Deus e à família, fomos nos gerando no colo dessas delicadas senhoritas, hoje, e ontem, fortes e bravas senhoras.

Parabéns a todas as mães montes-clarenses.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Praça das Estação

Alguém sabe o verdadeiro nome da Praça da Estação de Montes Claros? Todo mundo fala e sabe que lá é a Praça da Estação. Mas o verdadeiro nome é Praça Raul Soares. Alguns devem estar pensando: "Ah, então aquela estátua que está lá é a representação, em concreto, do Raul Soares". Errado! Aquela é a estátua de Francisco Sá.
Calma! Esse é apenas um dos mistérios que ronda aquela praça. Mas permitam que eu comece do começo:
A Praça da Estação, ou Praça Raul Soares foi inalgurada assim que se inalgurou, também, a ferrovia Central do Brasil que acabara de chegar em Montes Claros, ligando o Norte de Minas a Belo Horizonte: uma extensão que vinha desde o Rio de Janeiro. A fim de integrar o Estado, Francisco Sá, natural de Grão Mogol - e não de Brejo das Almas, que mais tarde levou o seu nome: Francisco Sá - então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, esforçou-se a trazer até esta cidade aquela grandíssima obra. A Praça da Estação foi batizada com o nome do Governador do Estado de Minas Gerais, Raul Soares de Moura, grande incentivador do desenvolvimendo ferroviário.
Bom. Pouca gente sabe, mas no ano de 1930, precisamente no dia 06 de fevereiro, ocorreu, na Praça da Estação, o evento que, mais tarde, desencadeou na Revolução de 1930, que marcaria o fim da Primeira República: um dos movimentos mais importantes da História do Brasil do Século XX.
Naquele dia 06 de fevereiro, Montes Claros recebia a visita do então Vice-Presidente da República, Melo Viana. Liberal que era, fazia comício junto ao então prefeito municipal, Dr. João Alves e de sua esposa Dona Tiburtina. Como a richa política era tensa entre as lideranças locais, Liberais vs Conservadores, em Montes Claros, respectivamente, Estrepes vs Pelados, um garoto começou um tiroteio que apavorou toda aquela população naquela simples pracinha. UM ATENTADO CONTRA O VICE-PRESIDENTE, noticiou todos os jornais nacionais. Esqueceram de noticiar a quantidade de mortes ocorridas naquele lugar.
Deste evento, uma série de outros eventos, políticos, se desencaderam no cidade, no estado e no país. Todos noticiados, retratados e comentados. Só o que ninguém noticiou ou retratou, apenas comentou, foi que a Praça da Estação, por muitos anos, se manteve assombrada.
Se vocês não repararam, a avenida que dá continuidade à Praça leva o nome de um dos personagens mais malvados que Montes Claros já teve: Ouvídio de Abreu. Não é da mesma época, mas foi um dos carrascos que mais "judiou" da população local.

Hoje a Praça da Estação está bem localizada.. até certo ponto.. quem se arrisca passar por lá a noite? Só se for pra ir ao Forró da Estação, ou, nem isso... mas, se vc for.. cuidado! Coisas misteriosas acontecem lá...